Como lidar com o medo (de receber massagem e não só)?

O medo é uma emoção importantíssima para nos defender de perigos reais. Mas também há o medo fantasioso e esse, pode tornar-se uma prisão.

Ter medo de um cão feroz, do fogo, da tempestade é importante, ajuda-nos a tomar medidas para enfrentar perigos reais. Mas a maior parte dos medos está assente em bases profundamente irreais, que muitas vezes nos impedem de agir. A única forma que conheço de lidar com esses medos é enfrentá-los.



Por vezes percebemos que não havia qualquer razão para ter medo e ele desaparece, outras percebemos o mesmo, mas o medo continua lá. É só continuarmos a enfrentá-lo e a fazer as coisas apesar dele.

Podemos precisar de apoio. Eu, por exemplo, ajudo as pessoas a ganharem coragem. Faço-o através da massagem, da harmonização energética, pelo meu próprio discurso e por vezes também (se a pessoa estiver receptiva a isso) através de regressão.

Mas descobri um problema para muita gente: Medo de ter sessões comigo!

Espanto-me sempre que oiço isso, explico que não há nada a recear, que é completamente seguro, que eu respeito totalmente a pessoa e só faço aquilo a que ela estiver aberta e receptiva. Aliás, para mim é fundamental que a pessoa assuma o poder sobre o seu próprio processo, é das coisas que me esforço por transmitir às pessoas: a importância e a necessidade de serem autoridade máxima na sua própria vida. Quando alguém se trata comigo, delega em mim momentaneamente esse poder, mas em qualquer altura pode tomá-lo de volta.

Também sobre o processo da sessão, cada pessoa só vai ter aquilo que estiver preparada para receber e lidar.

Conto-vos um caso recente que ilustra bem como o medo é só um "bicho-papão".




L ao marcar massagem disse-me que estava com medo porque percebia que às vezes as sessões eram "viagens emocionais". Disse-lhe que não precisava ter medo, pois as sessões são aquilo que a pessoa precisa e está preparada para receber. Só alguém já com força pode embarcar nessas viagens. Quem está fragilizada precisa primeiro de reforçar o seu poder e as "viagens" são de alívio e prazer (aquele prazer delicioso e suave de quando nos sentimentos bem e a ser bem cuidados).

Mesmo assim, para grande frustração minha, ao chegar L disse-me que só tinha uma hora. Vinha claramente esgotada física e emocionalmente.

- Só uma hora? - Mas assim nem podemos conversar um pouco.

- Não posso. Tenho que ir trabalhar e antes disso que resolver vários assuntos em casa, já combinei com o meu marido.

- Então, mas pode ligar e avisar que vai mais tarde. Dê este momento a si. Precisa, merece. Depois vai ficar melhor para si e para toda a gente.

- Não dá.

- Pronto, vamos lá então fazer uma massagem rápida. Sempre fica melhor e depois vem cá outra vez mas com tempo.

Já meio despida, o telefone toca. Era o marido. "Diga-lhe que vai mais tarde", recomendei.



- Vim cuidar de mim, só vou chegar meia hora mais tarde, está bem?

Do outro lado ouvi uma voz calma a dizer: "Está bem."

L ficou espantada consigo própria: "Como é que eu disse isto? Eu nem acredito que consegui dizer isto. E porque é que ele me ligou? Ele nunca me liga."

Também a mim surpreende a forma como as coisas acontecem para que a pessoa tenha aquilo que precisa.

L nunca se permite ser cuidada, mas pelo contrário acha que tem que cuidar de toda a gente.

Ao início da massagem fez várias respirações profundas carregadas de ansiedade, mas ainda antes da metade essas respirações foram substituídas por sons de satisfação, de alívio, de verdadeiro prazer.

- Que bom, que leve que estou, estava mesmo a precisar disto. Acha que é bom para a minha mãe?

- Sim, é excelente para a sua mãe.

- Então vou-lhe oferecer uma.

- Ofereça, ofereça a quem quiser, mas em primeiro ofereça de novo a si. Você precisa, merece, isto faz-lhe muito bem. Fica mais feliz, tranquila e vai ficar muito melhor para toda a gente.



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Cá está um dos riscos de enfrentar o medo: ficar bem.

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