História de um Retiro Privado

Ou como ajudando os outros me ajudo

Mostrei-lhe a casa, conversámos um pouco e rapidamente foi para o colchão, o corpo gritava por uma massagem. Equilibrei-a, levei-a numa primeira viagem ao seu interior, mas aos primeiros acodes da minha voz adormeceu.

Sussurrei-lhe ao ouvido, dei-lhe colo, brinquei com a criança que habita nela.

Almoçámos. (O almoço fui eu que fiz. Fui eu que fiz tudo. Parecia o Pateta dos livros a fazer todas as funções num hotel.)


Saímos em caminhada longa pelos campos e quando encontrámos uma árvore convidativa à beira da lagoa, o sol a bater aconchegante, eu sentei-me ela deitou-se à minha frente.

Com as mãos e a voz conduzia-a através de si própria a um ponto de grande relaxamento e conforto, com acesso às memórias interiores. Aí descobriu uma grande vergonha, mas também o maior dos aconchegos. Juntando-os a cura aconteceu.

A noite aproximava-se, galgámos caminhos de terra irregular e ela pode perceber que não há que ter medo do vazio, nem da noite que mostra as estrelas.

Passeámos livres, jantámos alimentos bons, criados com amor; à noite meditámos, uma daquelas meditações que ajudam a dormir bem e a acordar ainda melhor.


O dia nasceu com exercícios que equilibram corpo e mente, meditação, e o estabelecimento da energia para o dia, para que possamos ser senhoras do nosso próprio destino.

E que se seguiu, além do pequeno-almoço de figos e amêndoas? Mais massagem! Primeiro desbloqueadora, a seguir renascedora, depois verdadeiro farol para descobrir memórias de todas as idades. E que memórias lindas!

Para terminar, já depois de almoço, definição de obectivos de vida, levantamento de caminhos para os atingir e plano de acção.

Chegou totalmente perdida (e com tanta riqueza dentro!!!), foi com uma carrada de novidades boas a respeito de si própria e muitas ferramentas para se apoiar.

Não foi “feliz para sempre”, porque isso só existe nas histórias de encantar, mas saiu confiante que está nas suas mãos a sua vida ser o que ela deseja, para tal precisa de fazer por isso.




***

Já eu, que estive dedicada dois dias inteiros a esta mulher, saí feliz.

Hoje sei que as minhas dores mais profundas só podem ser curadas ajudando os outros a curarem-se.

Durante muito tempo assisti por vezes boquiaberta, algumas indignada e outras revoltada por não conseguir curar em mim feridas antigas e no entanto ajudar outros a fazerem-no, ver situações complicadíssimas por vezes a resolverem-se de forma tão simples num curso ou em algumas sessões de massagem / conversa.



Este ano voltei a estudar Astrologia e numa das primeiras aulas o mito de Quiron, o Curador Ferido, que não se consegue curar mas consegue curar os outros, e é fazendo-os que as suas dores vão sendo aliviadas e dessa forma um dia se libertou e passou a um estado maior no caminho da evolução.

Que notícia boa para mim! Não sou a única, olha o Quíron!!!!!!!!!!!!! É mesmo assim!

Aqui estou eu então a aceitar essa dor profunda e a poder fazer as pazes com ela e com todas as outras que daí surgiram, nomeadamente a indignação e a revolta. Desta forma a dor fica bem mais leve e ganha um sentido maior.

Creio que neste fim-de-semana qualquer coisa de profunda em mim foi transmutada.

Agradeço infinitamente!

(NOTA: Cada retiro privado é único, tal como cada massagem. É idealizado de acordo com os objectivos de cada pessoa, mas depois, enquanto se realize, ganha vida e segue caminhos próprios. São em Beringel e são para 1 a 4 pessoas.)

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